nos acostumamos mesmo a ver as coisas de cima
e assim pensamos sobre tudo que está abaixo
sem o menor pudor de sermos altos
superiores do que aquilo que seria tão maior
se o víssemos de baixo ou de igual para igual
somamos nossos contrapesos e não dá em nada
somos tudo que somos enquanto isso o sol nasce
e nos orgulhamos de o ser enquanto isso o sol morre
e morremos lutando enquanto o dia renasce
nos acostumamos mesmo a ver tudo do alto
pensávamos que seria pra sempre o nosso hoje
elevados ao ego ou ao credo o que for
tão altos que somos [tão altos]
que padeceremos breves e tangentes
por não dá valor ao pé no chão
o ponto de vista é a pista do mundo
vagabundo mundo que se vende ao olho humano
tão altos que somos [tão altos]
impossíveis de observar as estrelas
que nos ninam a noite inteira nas alturas
desencontrados da vida simples
no corpo e mente da mulher amada
nos acostumamos mesmo a falar mais das coisas
do que nas coisas da vida
e tão altos que somos [tão altos]
esquecemos da vida
e enfim
nos acostumamos.
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2 comentários:
Acostumar é foda!
"...nos acostumamos mesmo a falar mais das coisas
do que nas coisas da vida
e tão altos que somos [tão altos]"
Gostei tanto disso...
Sabe um ponto comum entre poesia e jornalismo?
Ambos têm que ordenar um caos.
Beijo!Beijo!
Te adoro ;)
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